quinta-feira, 31 de março de 2016

31 de março de 1869 -Desencarna aos 64 anos Allan Kardec



Foi em 31/3/1869, em Paris, com 64 anos, entre 11 e 12 horas, pelo rompimento de um aneurisma, em pleno labor de estudo e organização de novas tarefas espíritas e assistenciais que Kardec desencarna, cumprindo, e muito bem, a missão. O lema de Kardec era: Trabalho, Solidariedade e Tolerância.
O corpo de Kardec foi sepultado no Cemitério do Père-Lachaise, com a frase esculpida no frontispício do dólmen de Allan Kardec:
“Nascer, viver, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a Lei.”


31 de março de 1869

No dia em que Allan Kardec desencarnava, constituindo este fato dolorosa surpresa para todos os seus amigos e para os espíritas em geral, nesse mesmo dia o sr. E. Muller, grande amigo do Codificador e de sua digna esposa, mandou telegrama aos espíritas lioneses: "Morreu o Sr. Allan Kardec, será enterrado sexta-feira." E, no mesmo dia, assim se expressa por carta ao sr. Finet, de Lião:
"Paris, 31 de março de 1869

Amigo:
Agora, que já estou um pouco mais calmo, eu vos escrevo . Enviando-vos meu aviso, como o fiz, talvez tenha agido um tanto brutalmente, mas me parecia que devíeis receber a comunicação imediata desse falecimento.
Eis alguns pormenores:
Ele morreu esta manhã, entre onze e doze horas, subitamente, ao entregar um número da Revue a um caixeiro de livraria que acabava de comprá-lo; ele se curvou sobre si mesmo, sem proferir uma única palavra: estava morto.
Sozinho em sua casa (Rue de Sant'Ana), Kardec punha em ordem seus livros e papéis para a mudança que se vinha processando e que deveria terminar amanhã. Seu empregado, aos gritos da criada e do caixeiro, acorreu ao local, ergueu-o ... nada, nada mais. Delanne ¹ acudiu com toda a presteza, friccionou-o, mas em vão. Tudo estava acabado.
Venho de vê-lo. Penetrando a casa, com móveis e utensílios diversos atravancando a entrada, pude ver, pela porta aberta da grande sala de sessões, a desordem que acompanha os preparativos para uma mudança de domicílio; introduzido numa pequena sala de visitas, que conheceis bem, com seu tapete encarnado e seus móveis antigos, encontrei a sra. Kardec assentada no canapé, de face para a lareira; ao seu lado, o sr. Delanne; diante deles, sobre dois colchões colocados no chão, junto à porta da pequena sala de jantar, jazia o corpo, restos inanimados daquele que todos amamos. Sua cabeça, envolta em parte por um lenço branco atado sob o queixo, deixava ver toda a face, que parecia repousar docemente e experimentar a suave e serena satisfação do dever cumprido.
Nada de tétrico marcara a passagem de sua morte; se não fosse a parada da respiração, dir-se-ia que ele estava dormindo.
Cobria-lhe o corpo uma coberta de lã branca, que, junto aos ombros dele, deixava perceber a gola do robe de chambre, a roupa que ele vestia quando fora fulminado; a seus pés, como que abandonadas, suas chinelas e meias pareciam possuir ainda o calor do corpo dele. 
Tudo isto era triste, e, entretanto, um sentimento de doce quietude penetrava-nos a alma; tudo na casa era desordem, caos, morte, mas tudo aí parecia calmo, risonho e doce, e, diante daqueles restos, forçosamente meditamos no futuro.
Eu vos disse que na sexta-feira é que o enterraríamos, mas ainda não sabemos a que horas; esta noite seu corpo está sendo velado por Desliens ² e Tailleur; amanhã o será por Delanne e Morin. 
Procuram-se, entre os seus papéis, suas últimas vontades, se é que ele as escreveu; de qualquer forma, o enterro será puramente civil.
Escrever-vos-ei, dando-vos os pormenores da cerimônia.
Amanhã, creio eu, cuidaremos em nomear uma comissão de espíritas mais ligados à Causa, aqueles que melhor conhecem as necessidades dela, a fim de aguardar e de saber o que se irá fazer.
De todo o coração, vosso amigo,
(a) MULLER. "

1. Alexandre Delanne, pai do engenheiro e pesquisador espírita Gabriel Delanne 
2. Armand Théodore Desliens, secretário-gerente da Revista Espírita



Os despojos do Codificador, enterrados inicialmente no Cemitério de Montmartre (2.4.1869), foram transferidos para o do Père-Lachaise em 31 de março de 1870






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